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Crises vêm e vão e a boa notícia é que elas sempre passam, por maiores e mais longas que sejam. E quando passam – e somente quando passam – é possível compreender com clareza quais foram os seus impactos efetivos e as suas consequências na economia e na vida das pessoas. Assim, avaliar os investimentos na crise é uma etapa importante na hora de alocar o seu capital.

Ao longo da história, a humanidade enfrentou diversas crises, cada qual com as suas particularidades, mas, de forma geral, com muitas características e fundamentos semelhantes entre si. Semelhanças que sempre serviram como base para pautar o comportamento e a tomada de decisões de governos, empresas e pessoas em direção a retomada do crescimento e ao aproveitamento de oportunidades.

Essa base de aprendizados e fundamentos, no entanto, está mais difícil de ser acionada na atual pandemia do COVID-19, pelo fato de se tratar de uma crise sem precedentes na história da humanidade, ainda que aqui alguns possam citar, por exemplo, a gripe espanhola do início do século passado.

Mais difíceis, mas obviamente, não impossíveis. É claro que o contexto assusta – em todas as esferas – mesmo os mais experientes. Primeiro, pelo baixo nível de conhecimento que a ciência tem em relação ao novo vírus, o que demanda tempo e muito trabalho dedicado ao desenvolvimento de medidas de controle da doença e gera incertezas sobre quando retomaremos a nossa rotina. E em segundo lugar pelo fato de que, atualmente, é difícil mesmo para os economistas mais conceituados do mundo fazerem projeções assertivas sobre os reais impactos que o necessário isolamento social vai causar na cadeia produtiva e, consequentemente, na economia mundial.

O contexto do Brasil

No caso específico do Brasil, o cenário é ainda mais complexo de prever, afinal, estamos falando de um país cujo mercado de trabalho é composto, em sua maioria, por trabalhadores informais, ou seja, sem registos de carteira e desprovido de benefícios como remuneração fixa, alimentação e férias pagas. Além disso, 2/3 do PIB brasileiro estão concentrados na prestação de serviços que, em grande parte, não podem ser realizados no período de quarentena.

Merece destaque também o fato de que uma parte representativa de nossa população não tem o histórico de poupar, o que significa que muitos dos brasileiros e muitas das empresas brasileiras – pequenas e médias, principalmente – não tem a liquidez ou o colchão necessários para lidar com longos períodos sem receita.

Tudo isso cria uma grande pressão para que o Estado implemente, com agilidade e muita eficácia, medidas de proteção social como incentivos fiscais e monetários para que a população tenha alguma liquidez para passar por este complexo período com o mínimo de dificuldade possível.

Força também que se criem – e divulguem – com rapidez, estratégias de saída que evidenciem que, ao final da crise, serão retomados os fundamentos econômicos que estavam levando o país em direção ao reaquecimento e ao crescimento.

Colocado o complexo contexto, não podemos deixar de reforçar que é muito importante que todos nos lembremos, diariamente, do que foi dito no primeiro parágrafo deste artigo. Essa é sim uma crise temporária – como toda e qualquer crise – que nos oferece, acima de tudo, a chance de sairmos dela não só mais fortes mas também, mais disciplinados quando o assunto é dinheiro. E essa disciplina pode – e precisa – ser adquirida agora, enquanto estamos no olho do furação.

E é exatamente sobre essa disciplina financeira – e a paciência que ela nos permite ter com os nossos investimentos na crise – que falaremos a seguir.

Mas afinal, o que fazer com meus investimentos na crise?

O primeiro ponto chave que precisa estar na cabeça de todo e qualquer investidor – leia-se investidor, não especulador – é uma verdade que vale para toda a vida, independente do contexto. Investimento envolve planejamento, inteligência e, acima de tudo, paciência e a capacidade de pensar em médio e longo prazo.

O momento não é de assumir riscos maiores do que aqueles que o seu perfil permite, muito menos, tentar adivinhar quais são os rumos que o mercado brasileiro vai tomar. Câmbio, preço de commodities e ações, por exemplo, tem seus movimentos de curto prazo imprevisíveis e com o cenário agudo como o atual, não é possível descartar uma piora imediata. Isso significa que você não deve investir em ações?

Na verdade, não. Isso significa que o mais importante no momento é buscar construir um portfólio diversificado e composto por empresas sólidas, que apresentem robustez de caixa para sobreviver aos limites que contexto impõe e claro, competitividade mercadológica para fazer a retomada no momento em que as coisas se normalizarem.

Aqui, vale ressaltar que o fato de a empresa pagar dividendos altos no momento não quer dizer que ela seja um bom investimento, até por que a coisa mais prudente a se fazer agora é diminuir os dividendos para preservação de caixa.

Evite a alavancagem dos investimentos na crise

Estamos passando por um momento em que o foco deve ser a preservação de capital, algo que demanda necessariamente, mitigar riscos. Dessa forma, evitar a alavancagem diante de tamanha volatilidade é uma medida não só prudente como altamente recomendada. Uma medida que tem tudo para te trazer a paz que você precisa para pensar no longo prazo, o que já representa uma excelente saída, afinal, mais cedo ou mais tarde, tudo voltará ao normal.

Sim, é muito possível que, em um primeiro momento, você sofra com a perda de rentabilidade de sua carteira – mesmo que ela seja composta majoritariamente por produtos de renda fixa –  mas isso não significa que no longo prazo você não voltará a ter uma boa poupança.

Em uma crise, nunca deixe a emoção falar mais alto que a razão

Outra dica relevante. Evite saques motivados única e exclusivamente por pânico ou emoções negativas e não tome decisões sem a devida orientação profissional. Lembre-se, a preservação do capital tem como base a confiança.

Confiança no trabalho do assessor que você escolheu para acompanhar os seus investimentos na crise, confiança no portfólio diversificado que você construiu e confiança de que, em algum momento, a rotina se normalizará.

O Financial Deepening continua (e segue demandando novas formas de se investir)

Se tem algo que podemos afirmar com bastante convicção mesmo neste momento de pandemia é que o Financial Deepening seguirá como uma realidade no mercado brasileiro quando as adversidades passarem.

Os juros baixos no país, por exemplo, vieram para ficar. Ainda que a mínima histórica de 3,75% possa ser atribuída diretamente ao momento crítico, não podemos nos esquecer que há pelo três anos os cortes percentuais são rotina nas reuniões do COPOM. Uma rotina que impactou e segue impactando a maneira como o brasileiro pensa os seus investimentos – completamente diferente daquela que se apoiava no tripé juros altos, liquidez e segurança, realidade que simplesmente não existe mais.

Os produtos mais complexos e sofisticados, a necessidade de pensamento de longo prazo e maior exposição ao risco, a diversificação, os assessores especializados, a descentralização das aplicações e todos os termos que você se acostumou a ouvir nos últimos tempos seguirão firmes como conceitos básicos para uma boa alocação dos seus investimentos na crise.

E agora, mais do que nunca, eles são os pilares de sustentação para que você seja capaz de fazer boas aplicações e passe firme pela crise.

Na crise, não existem heróis… Existem pessoas bem informadas

A conclusão que chegamos diante de toda essa reflexão é que o momento não pede que busquemos heróis ou o auxílio de futurologistas sábios com promessas e projeções vazias e incertas. Ele demanda prudência, muita paciência, uma boa dose de otimismo e o auxílio de profissionais atentos ao mercado, experientes e bem informados.

Por isso, assim como em qualquer outra situação, a nossa principal recomendação é: procure um especialista de sua confiança para compreender o seu perfil com mais clareza e como as características de cada produto financeiro se adequam a você.

Nós, da Lotus Capital, estamos à sua disposição caso queira conversar sobre o assunto.

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